
LIÇÃO 11 – Mais lições sobre o discipulado
Faz algum tempo havia uma propaganda que dizia: "Não basta ser pai, tem que participar". A frase pegou e muita gente passou a reproduzi-la em contextos diferentes. Na primeira parte da lição dessa semana poderíamos até usar esse recurso e dizer que não basta ser discípulo, é preciso conhecer o Mestre, prestar atenção no que Ele diz e tentar entender o significado de Suas instruções e ações. Os discípulos não tinham certeza de que Cristo Se interessava realmente neles. Era um homem poderoso, mas isso não significa muito quando esse poder não é usado da forma como gostaríamos. Assim, quando a tempestade ameaçou aquela gente levando-os ao limite do desespero, vomitaram em cima dEle aquilo que se passava em seu íntimo: "Mestre, não te importas que morramos?" (Marcos 4:38). A presença de Cristo não era garantia de que tudo seria paz e prosperidade. Mas, ao enfrentar dificuldades, eles poderiam contar com Ele mesmo que acontecesse o pior. Perceber e aceitar essa realidade não era muito fácil para eles. Nem é para nós. Vale lembrar de José. Deus estava guiando sua vida. Mas, quando ele pensou que as coisas iam melhorar, foi acusado injustamente pela esposa do patrão e passou alguns anos na prisão.
Assim, quando Jesus multiplicou pães, as pessoas acreditavam que se Ele estivesse no poder, tudo seria diferente. Suas necessidades imediatas eram tão importantes aos seus próprios olhos que se quer compreenderam o que Cristo queria ensinar. A decepção foi grande quando recusou ser Rei. Teriam que passar mais alguns anos sob o governo romano. Quando Cristo aparece andando sobre a água ficaram pasmados. No fim das contas não entendiam a natureza dEle, muito menos a Sua proposta que de um novo reino. Assustados, diziam ver nEle o Filho de Deus, mas, não compreendiam o que isso significava. Hoje proclamamos o poder de Deus no púlpito e fora dele. Talvez o problema não seja crer que Ele tem poder, mas se sentir seguro mesmo quando esse poder não é disponibilizado como e para o que gostaríamos. Não é fácil lidar com isso. Principalmente quando somos ameaçados pelas dificuldades da vida. Na verdade, a única solução para esse impasse é passar mais tempo lendo e pensando no significado das ações de Deus na história. Assim teremos uma chance de encontrar paz e serenidade mesmo na tempestade, porque, ao ver os exemplos do passado, podemos desenvolver fé no fato de que Ele está no controle absoluto de nossa vida.
No entanto, se quando as coisas não vão bem você precisar de uma prova da parte de Deus para continuar acreditando, estará andando na mesma trilha dos fariseus. Eles tinham em mãos os livros do Antigo Testamento. Esses escritos revelavam o suficiente para que reconhecessem em Jesus o Messias Prometido. Basta lembrar que os magos do oriente que o visitaram no momento de seu nascimento, souberam identificar no menino da manjedoura o "mestre divino". Para isso utilizaram os mesmo escritos que estavam à disposição dos fariseus: "A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro havia, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino... No Antigo Testamento, porém, a vinda do Salvador era mais claramente revelada. Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor." O Desejado de Todas as nações, págs. 59 e 60. Assim, entendemos que o fermento, isto é, as tradições, invenções e interpretações particulares, tomaram conta da mente dos fariseus. Impossibilitados de enxergar o que as escrituras revelavam, nunca se tornaram discípulos de Cristo.
Hoje temos não somente a bíblia, mas também os escritos de Ellen White. Nosso desafio não é somente entrar em contato com a revelação, mas aproveitar as oportunidades que Deus nos dá para desenvolvermos confiança no amor de Deus. Os discípulos tinham medo dos eventos sobrenaturais com os quais conviviam. Temiam também um futuro diferente daquele com o qual sonhavam. Nós "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito."(Romanos 8:28 NVI). No entanto, percebemos que no desenrolar da história sagrada de vez em quando Deus permite que seus filhos sofram dificuldades. No caso de João Batista, Tiago (Atos 12:1 e 2) e do próprio Cristo – só para citar alguns exemplos - a morte foi seu destino. Pode ser que isso nos incomode da mesma maneira que perturbou os discípulos. Enxergar o amor de Deus em acontecimentos tão desastrosos não é nada fácil. Mas, se não conseguimos faze-lo, se temos medo do que Ele poderá permitir em nossa vida, isso é um forte sinal de que assim como os discípulos, ainda não temos certeza de que Ele nos ame verdadeiramente.
Quem sabe o melhor testemunho que possamos dar seja estar em paz na tempestade; permanecer fiel enquanto as circunstâncias nos oferecem desculpas para o pecado ou devolver o mal com o bem. Não é nada fácil ser esse tipo de pessoa. Mas, talvez uma vida transformada seja o único argumento capaz de abalar as certezas dos ateus mais convictos. Pense nisso.
Pr. Denis Konrado Fehlauer
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