sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

LIÇÃO 8 - A experiência do discipulado

A maioria das pessoas come não apenas por necessidade, mas também por prazer. Você já percebeu que se alimentar enquanto gripado(a), por exemplo, não é nada agradável? A ausência do sabor incomoda, porque não há prazer. Creio que Jesus seja o único caminho para escapar da morte eterna. Ele mesmo se auto proclamou o alimento básico e mantenedor da vida. Comparando-se com o pão que tanto precisamos e gostamos (se bem que uns gostam mais do que outros), Cristo sugere que devemos buscá-lo de maneira tão constante e comum como nos alimentamos diariamente. Mais cedo ou mais tarde perceberemos que essa prática não é apenas saudável, mas, prazerosa. E quando isso acontecer, você perguntará a si mesmo(a) por que demorou tanto para experimentar o pão do céu.

Talvez nossa dificuldade em depender totalmente de Cristo, o pão da vida, esteja na maneira como fomos criados. Desde pequenos aprendemos que precisamos estudar, trabalhar, conquistar. Vencer na vida exige que cada pessoa faça escolhas e prossiga em seu próprio caminho. Vale lembrar que isso não é apenas uma exigência da vida. Está relacionado também com a realização pessoal de cada um. A idéia de crescer e se tornar independente, promove saúde emocional, uma auto-estima positiva nas pessoas. Assim, a idéia de depender de alguém, mesmo que seja de Deus, nos causa alguma resistência. Existe uma tensão entre o “preciso fazer algo” e o “vou confiar em Deus”. Depender dEle como um recém nascido ou uma criança pequena depende dos pais, ilustra bem nossa maior necessidade. Acontece que, para os adultos, isso exige um bocado de humildade, ou seja, ter uma opinião modesta de si mesmo(a) e deixar de lado toda a arrogância própria de gente grande e bem resolvida.

A prática de Depender de Deus no fim das contas nos dá subsídios para enfrentar as dificuldades futuras. Uma coisa é acreditar que Deus veio como homem, morreu por nós e está lá em cima em algum lugar. Outra é experimentar Seu poder e direção no dia a dia. É um processo, um aprendizado. Antes de criticar os discípulos por sua falta de fé, devemos nos lembrar que temos as ferramentas necessárias para uma vida de fé e comunhão – bíblia e oração – à nossa disposição. Não vimos milagres ou coisas sobrenaturais, mas, em contrapartida podemos ver o cumprimento das profecias, privilégio que os discípulos não tiveram. Dispomos também das orientações de uma profetiza moderna nos dando mais evidências de que Deus se comunica com os seres humanos. Temos ainda as experiências positivas e negativas dos personagens bíblicos que se reproduzem no mundo moderno e nos dão mostras de que viver a verdade vale a pena. Se fizermos um balanço geral de privilégios e oportunidades, diria que estamos em pé de igualdade com os discípulos do primeiro século. Podemos crer se assim quisermos. Mas precisamos experimentar uma ligação mística com o Deus invisível se quisermos viver de acordo com aquilo que cremos.

Sem dúvida, apresentar um comportamento incompatível com a fé é muito ruim. Mas, acreditar no engano é pior ainda. Se a verdadeira doutrina não produz frutos nos discípulos de Cristo, às vezes a heresia o faz. Tem gente que vive dedicado ao erro como se fosse a verdade. Prega, escreve, insiste, se infiltra, se inflama. Ou seja, enquanto aqueles que crêem na doutrina pura estão acomodados, os enganadores estão motivados e trabalhando. Creio que seja nesse sentido que Cristo faça elogios ao “administrador astuto” da parábola: “O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz.” (Lucas 16:8 NIV). Aquele homem foi desonesto, mas não perdeu tempo. Tinha uma empreitada que julgava importante para si mesmo. Seu patrão cochilou e ele agiu. Que bom será se os filhos da luz agirem com tanta energia e rapidez para promover a verdade. (Aqui seria útil abrir parênteses: Devemos ter cuidado com “novas verdades”. Em princípio precisamos conhecer a nós mesmos e procurar perceber se nossa adesão a essa ou aquela doutrina ou movimento, não está sendo motivada por mágoas não curadas no passado, um espírito questionador ao extremo ou ainda o desejo de fazer parte de um grupo, porque nos sentimos “rejeitados” por outro).

Querer sempre que as coisas aconteçam a nosso próprio modo, pode causar frustração e abandono da verdade. Essa é outra razão pela qual alguns migram, buscam outros caminhos ainda não experimentados na ilusão de que irão encontrar pessoas e circunstâncias perfeitas. Isso não existe. O discípulo deve carregar a cruz do mestre. E, às vezes, isso acontece dentro da igreja verdadeira. No princípio de Seu ministério Cristo evitou falar à respeito de Sua divindade. Nesse momento tal notícia traria apenas curiosidade e confusão, atrapalhando sua missão. Mas perceba que, quando próximo do dia de Sua morte Ele aceitou que lhe proclamassem rei em Jerusalém. Entrou montado em um jumento sob o alvoroço da multidão. Assim chamou a atenção para Si num momento estratégico, pois, dentro em pouco, todos deveriam ver o Rei Poderoso se entregar como Servo Sofredor, o cordeiro de Deus. Assim, deu o maior exemplo do que significa carregar a própria cruz. Não é fácil, mas o discípulo não tem escolha. No mundo em que vivemos a única coisa que podemos fazer é ter um encontro diário com o Mestre a fim de preparar a mente e o coração para o momento da cruz. Como a criança que não gosta de ter que comer espinafre antes de tomar sorvete, nós também não gostamos de carregar a cruz antes de viver as delícias da eternidade. Mas é assim que funciona!

Abraço.
Pr. Denis Konrado Fehlauer

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